terça-feira, 28 de outubro de 2014

Muda mais Dilma! (por Geraldo Samor, revista Veja)






Presidente Dilma,

Parabéns pela reeleição. Os métodos não foram kosher, mas metade do Brasil mostrou que não liga pra isso e outros 30 milhões nem se deram ao trabalho de votar. Então vamos deixar esse assunto para as colunas políticas e a consciência de cada um e falar aqui do que paga as contas no fim do mês: a economia.
Nos próximos dias, os gerentes das empresas vão se reunir com seus diretores para falar do orçamento para 2015. (Sei que a senhora se identifica com isso porque, pelo que leio, Vossa Excelência é vidrada numa planilha Excel, num orçamento, em metas.)
Ao final destas reuniões, os donos das empresas vão decidir o quanto investir no ano que vem, e quantas pessoas empregar para cumprir o seu plano de negócios.
Temo, Presidente, que a expectativa de um PIBinho no Brasil — não só no ano que vem mas durante o seu segundo mandato — fará com que muitos empresários reduzam suas ambições de crescimento, o que vai gerar demissões.
Essas demissões vão afetar, não apenas mas principalmente, muitos daqueles que te reelegeram olhando o aumento da renda pelo retrovisor e sem entender que, depois da próxima curva, a estrada não está pavimentada.
A senhora sabe que a Política não é autônoma em relação à Economia, por mais que o discurso esquerdista adolescente mantenha o contrário (um discurso que rende votos, mas nunca empregos).
A senhora sabe também que as expectativas dos agentes econômicos são a viga-mestra do crescimento. Quando os empresários acreditam, eles investem, e com isso geram os empregos que dão às pessoas cidadania e dignidade. É o tal do ‘espírito animal’ do capitalismo, hoje enjaulado, anestesiado, e sendo alimentado pelos gestores do zoológico com pacotes setoriais seletivos (junk food) em vez de uma ração sadia de contas fiscais em ordem, Banco Central vigilante e regulação estável.
Agora que acabou a eleição, a senhora já pode admitir (pelo menos cá entre nós) que o nosso baixo crescimento não é por causa da crise internacional. Aliás, bela jogada aquela, Presidente: botar a culpa no mundo, num “outro” que é ao mesmo tempo anônimo, intangível, inimputável. (Avise aos seus eleitores que esta última palavra nada tem a ver com “leviana”.)
Presidente, a senhora não nasceu ontem, não veio ao mundo a passeio, sabe que não existe almoço grátis e, mesmo não gostando, sabe o que tem que fazer.
Mude a política econômica, Presidente, e reenergize o Brasil que produz, que investe e que trabalha. Boa parte dessas pessoas ficou com a impressão de que a senhora representa exclusivamente o Brasil que mendiga um subsídio, que tem preguiça ou que precisa de compaixão. Mostre para eles que a senhora consegue ser a Presidente de todos os brasileiros. Das duas Bolsas.
Sei que a senhora gosta do Guimarães Rosa: “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.” No ano que vem a economia vai esfriar, apertar e desinquietar, Presidente. Mas a sua coragem pode mudar a história.
Espero que o seu tão festejado ‘Coração Valente’ encontre dentro de si a coragem e a humildade para este mea culpa. Não será necessário ajoelhar no milho, nem bater no peito, nem dizer no microfone, “Errei.” As pessoas só querem ver a mudança — a tal mudança que foi, ironicamente, o mote da sua campanha.
Muda mais, Dilma! Escolha gente séria e capaz para a Fazenda, o Tesouro, o BNDES e o Banco Central — e deixe-os trabalhar. E já que não posso convencê-la a privatizá-las, profissionalize e blinde as estatais contra a infiltração tóxica dos de sempre. Parece impossível, eu sei, mas o seu partido registrou a marca “nunca-antes-na-história-deste-País.” Use-a para uma coisa boa.
Seja coerente com seu discurso de vitória e caminhe para o centro, porque a maior parte dos seus 54,5 milhões de votos não foi ideológica, e sim votos que agradeciam o bem-estar das famílias, a casinha própria, as compras do supermercado, a dignidade que o consumo trouxe.
A melhor forma de combater a inflação, manter os empregos e não perder essas conquistas é reconhecer que a macroeconomia está a perigo, a agenda de microrreformas está parada, e que é hora de mudar.
Mas muda rápido, Presidente. Porque os orçamentos estão aí — é questão de semanas — e o ano que vem não vai ter Copa, não vai ter eleição, mas, do jeito que o clima está, vai ter recessão. E aí não vai ser culpa do Aécio, nem da Marina, nem da crise internacional. Vai ser só a sua teimosia.
Muda mais, Dilma!
Respeitosamente,
GS
PS: Presidente, se esta carta vazar, não fui eu.  Foi o Thomas Traumann, testando a ideia com o mercado. Sei que muitos leitores vão achar uma ingenuidade acreditar em mudança, mas quem sabe a sua intuição e o instinto de sobrevivência do seu partido coloquem as coisas mais ou menos no rumo certo, se não por convicção, por necessidade política? De minha parte, escrevi apenas por desencargo de consciência.
Por Geraldo Samor

terça-feira, 13 de maio de 2014

Revolução silenciosa...degradação dos princípios.

Não espere tanques, fuzis e estado de sítio.
Não espere campos de concentração e emissoras de rádio, tevês e as redações ocupadas pelos agentes da supressão das liberdades.
Não espere tanques nas ruas.
Não espere os oficiais do regime com uniformes verdes e estrelinha vermelha circulando nas cidades.
Não espere nada diferente do que estamos vendo há pelo menos duas décadas.
Não espere porque você não vai encontrar, ao menos por enquanto.


A revolução comunista no Brasil já começou e não tem a face historicamente conhecida. Ela é bem diferente. É hoje silenciosa e sorrateira. Sua meta é o subdesenvolvimento. Sua meta é que não possamos decolar.
Age na degradação dos princípios e do pensar das pessoas. Corrói a valorização do trabalho honesto, da pesquisa e da ordem.
Para seus líderes, sociedade onde é preciso ser ordeiro não é democrática.
Para seus pregadores, país onde há mais deveres do que direitos, não serve.
Tem que ser o contrário para que mais parasitas se nutram do Estado e de suas indenizações.
Essa revolução impede as pessoas de sonharem com uma vida econômica melhor, porque quem cresce na vida, quem começa a ter mais, deixa de ser "humano" e passa a ser um capitalista safado e explorador dos outros.
Ter é incompatível com o ser. Esse é o princípio que estamos presenciando.
Todos têm de acreditar nesses valores deturpados que só impedem a evolução das pessoas e, por consequência, o despertar de um país e de um povo que deveriam estar lá na frente.
Vai ser triste ver o uso político-ideológico que as escolas brasileiras farão das disciplinas de filosofia e sociologia, tornadas obrigatórias no ensino médio a partir do ano que vem.
A decisão é do ministério da Educação, onde não são poucos os adoradores do regime cubano mantidos com dinheiro público. Quando a norma entrar em vigor, será uma farra para aqueles que sonham com uma sociedade cada vez menos livre, mais estatizada e onde o moderno é circular com a camiseta de um idiota totalitário como Che Guevara.


A constatação que faço é simples.
Hoje, mesmo sem essa malfadada determinação governamental - que é óbvio faz parte da revolução silenciosa - as crianças brasileiras já sofrem um bombardeio ideológico diário.
Elas vêm sendo submetidas ao lixo pedagógico do socialismo, do mofo, do atraso, que vê no coletivismo econômico a saída para todos os males. E pouco importa que este modelo não tenha produzido uma única nação onde suas práticas melhoraram a vida da maioria da população. Ao contrário, ele sempre descamba para o genocídio ou a pobreza absoluta para quase todos.
No Brasil, são as escolas os principais agentes do serviço sujo..
São elas as donas da lavagem cerebral da revolução silenciosa.
Há exceções, é claro, que se perdem na bruma dos simpatizantes vermelhos.
Perdi a conta de quantas vezes já denunciei nos espaços que ocupo no rádio, tevê e internet, escolas caras de Porto Alegre recebendo freis betos e mantendo professores que ensinam às cabecinhas em formação que o bandido não é o que invade e destrói a produção, e sim o invadido, um facínora que "tem" e é "dono" de algo, enquanto outros nada têm.
Como se houvesse relação de causa e efeito.



Recebi de Bagé, interior do Rio Grande do Sul, o livro "Geografia",obrigatório na 5ª série do primeiro grau no Colégio Salesiano Nossa Senhora Auxiliadora. Os autores são Antonio Aparecido e Hugo Montenegro.
O Auxiliadora é uma escola tradicional na região, que fica em frente à praça central da cidade e onde muita gente boa se esforça para manter os filhos buscando uma educação de qualidade.
Através desse livro, as crianças aprendem que propriedades grandes são de "alguns" e que assentamentos e pequenas propriedades familiares "são de todos".
Aprendem que "trabalhar livre, sem patrão" é "benefício de toda a comunidade". Aprendem que assentamentos são "uma forma de organização mais solidária... do que nas grandes propriedades rurais".
E também aprendem a ler um enorme texto de... adivinhe quem?João Pedro Stédile, o líder do criminoso MST que há pouco tempo sugeriu o assassinato dos produtores rurais brasileiros.
O mesmo líder que incentiva a invasão, destruição e o roubo do que aos outros pertence. Ele relata como funciona o movimento e se embriaga em palavras ao descrever que "meninos e meninas, a nova geração de assentados... formam filas na frente da escola, cantam o hino do Movimento dos Sem-Terra e assistem ao hasteamento da bandeira do MST".
Essa é a revolução silenciosa a que me refiro, que faz um texto lixo dentro de um livro lixo parar na mesa de crianças, cujas consciências em formação deveriam ser respeitadas.
Nada mais totalitário. Nada mais antidemocrático. Serviria direitinho em uma escola de inspiração nazifascista.
Tristes são as consequências.
Um grupo de pais está indignado com a escola, mas não consegue se organizar minimamente para protestar e tirar essa porcaria travestida de livro didático do currículo do colégio.
Alguns até reclamam, mas muitos que se tocaram da podridão travestida de ensino têm vergonha de serem vistos como diferentes. Eles não são minoria, eles não estão errados, mas sentem-se assim.
A revolução silenciosa avança e o guarda de quarteirão é o medo do que possam pensar deles.



O antídoto para a revolução silenciosa? Botar a boca no trombone, alertar, denunciar, DIVULGAR, fazer pensar, incomodar os agentes da "Stazi" silenciosa.

Não há silêncio que resista ao barulho!
Diego Casagrande é jornalista em Porto Alegre