quarta-feira, 29 de abril de 2015

Embrulho ou Imbróglio, parte 2

Celso Russomanno acusa Haddad de promover troca de sacolinhas para beneficiar doador de campanha.





São Paulo - O deputado federal Celso Russomanno, líder da bancada do PRB, acusou o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), de promover a regulamentação de uso de sacolas plásticas em supermercados para beneficiar um doador de campanha.
No Programa da Tarde, que ele comanda na TV Record, Russomanno afirmou que as sacolas verdes e cinza, apesar de terem 49% de material vindo da cana-de-açúcar, são um "engodo" por levarem o mesmo tempo para se decomporem que as sacolinhas brancas.
Ele disse ainda que há vários fabricantes de sacolinhas, mas que a Braskem, fabricante da matéria-prima, foi doadora da campanha de Haddad em 2012.
"É um engodo que não tem tamanho e esse engodo, eu descobri o que está por trás", disse Russomanno ao apresentar sua teoria no programa. Russomanno é cotado para disputar a Prefeitura nas eleições de 2016, na qual teria em Haddad um dos principais adversários.
Na declaração de campanha de Haddad registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não consta nenhuma doação direta da Braskem. Há repasses do diretório nacional do partido, que pode ter recebido doações da empresa.
O partido e a empresa foram contatados pela reportagem para esclarecer se houve alguma doação em 2012. Os dados estão sendo levantados.
A assessoria do prefeito informou ter enviado uma nota ao programa de Russomanno nessa terça-feira, 28, que não foi lida no ar.
"Com relação às insinuações lançadas pelo candidato derrotado nas eleições municipais de 2012, Celso Russomanno, em seu programa de televisão na Rede Record, sobre o suposto lobby da Braskem na regulamentação da Lei de Proibição das Sacolas Plásticas, a Prefeitura solicita que denúncias formais, com provas, testemunhos ou indícios, sejam enviadas para a Controladoria Geral do Município (CGM). A prestação de contas do prefeito Fernando Haddad está disponível no site do TSE", diz a nota da Prefeitura.
A Braskem também informou ter enviado um posicionamento que não foi utilizado pelo programa. Segundo a companhia, a acusação não faz sentido pois a resina de plástico verde, matéria-prima das novas sacolas, representa menos de 2% do faturamento da companhia.

A Braskem disse ainda não ser a única fornecedora de resina verde no Brasil. A empresa diz ter 65% de fatia de mercado de resina plástica no País, material que é usado para outras finalidades além da produção de sacolas.



sexta-feira, 10 de abril de 2015

Embrulho ou imbróglio?








Criando um monopólio e jogando água fora com a lei das sacolas de São Paulo.




Plástico verde, este é o mais novo engodo que o sistema nos presenteia. E é um engodo da pior espécie porque está, pela primeira vez, fazendo um dos maiores greenwashing dos últimos tempos em nosso meio, no que se refere a resinas plásticas!

Greenwashing, uma expressão empregada pelos ecologistas no mundo inteiro para desmascarar estas jogadas de marketing que as grandes poluidoras mundiais têm procurado fazer com a boa vontade e a boa fé dos cidadãos planetários. Na verdade, essa é uma forma de se relacionar com um termo semelhante como o que se emprega no mundo do crime. A mídia criou a expressão “lavagem do dinheiro” quando denuncia o que os criminosos tentam fazer para “limpar” um dinheiro de sua origem ilícita. Aqui é a mesma coisa. A diferença é que o crime aqui se relaciona com a questão ambiental e a saúde pública. E nesse caso, toda essa construção deste plástico ser “verde” demonstra a mesma maracutaia.

Os próprios técnicos da Braskem afirmam que essa resina vai ser exatamente igual às outras e que ela não será biodegradável. Ou seja, não trará nenhum benefício “verde” no seu uso. Terá seu comportamento, quando no ambiente, igual às outras resinas.

Além de configurar favorecimento de um só fabricante nacional (Braskem) da resina derivada do etanol aceita na regulamentação da lei, não duvido que o próximo passo será a formação de um cartel com poucos fabricantes de sacolas tendo acesso ao insumo.

E, é claro, os supermercados vendendo as sacolas. Mais uma vez o consumidor paga a conta.

A quem interessa tudo isso Sr. Prefeito?

Quais os benefícios ambientais de uma sacola não degradável, descartável, mais espessa, maior e mais cara, se vai continuar a não ser do interesse da reciclagem, não será reciclada, e vai ser abandonada no meio ambiente?

Qual o benefício ambiental no uso de um insumo que consume no mínimo 20 vezes mais água como é o caso da resina derivada do Etanol da cana e que vai parar no lixo ou no meio ambiente da mesma forma que as sacolas atuais?

Não existe risco de colapso de energia por falta de água nos reservatórios?
As torneiras das casas não vão ficar sem água?

A população cinco dias sem água por semana não importa para a prefeitura que opta por algo que consume uma enormidade de água em sua produção?

E olha que isso vale tanto para o tal plástico igual só que agora vem do Etanol quanto para sacolas de papel.

Num passe de mágica a falta de reciclagem de todos os tipos de resíduos em São Paulo foi resolvida com uma sacolinha pintada de verde?

Quem está ganhando com isto?

"Antes de mais nada, o que deveria ser discutido é o uso racional da sacolinha. Alguns consumidores vão ao supermercado e pegam duas, três sacolas para levar apenas um produto para casa. A sacolinha não pode ser proibida de um dia para o outro, mas as pessoas precisam se conscientizar sobre o uso racional delas"