domingo, 11 de dezembro de 2016

O futuro que nos aguarda.



Em 1998, a Kodak tinha 170 mil funcionários e vendia 85% do papel fotográfico utilizado no mundo. Em apenas 3 anos, o seu modelo de negócio foi extinto e a empresa desapareceu. O mesmo acontecerá com muitos negócios e indústrias nos próximos 10 anos e a maioria das pessoas nem vai se aperceber disso. As mudanças serão causadas pelo surgimento de novas tecnologias.

Conforme exposto na Singularity University Germany Summit, em abril deste ano, o futuro nos reserva surpresas além da imaginação. A taxa de inovação é cada vez mais acelerada e as futuras transformações serão muito mais rápidas que as ocorridas no passado. Novos softwares vão impactar a maioria dos negócios e nenhuma área de atividade estará a salvo das mudanças que virão. Algumas delas já estão acontecendo e sinalizam o que teremos pela frente. O UBER é apenas uma ferramenta de software e não possui um carro sequer, no entanto, constitui hoje a maior empresa de táxis do mundo. A Airbnb é o maior grupo hoteleiro do planeta, sem deter a propriedade de uma única unidade de hospedagem.

Nos EUA, jovens advogados não conseguem emprego. A plataforma tecnológica IBM Watson oferece aconselhamento jurídico básico em poucos segundos, com precisão maior que a obtida por profissionais da área. Haverá 90% menos advogados no futuro e apenas os especialistas sobreviverão. Watson também orienta diagnósticos de câncer, com eficiência maior que a de enfermeiros humanos. Em 10 anos, a impressora 3D de menor custo reduziu o preço de US$18.000 para US$400 e tornou-se 100 vezes mais rápida. Todas as grandes empresas de calçados já começaram a imprimir sapatos em 3D. Até 2027, 10% de tudo o que for produzido será impresso em 3D. Nos próximos 20 anos, 70% dos empregos atuais vão desaparecer.

Em 2018, os primeiros carros autônomos estarão no mercado. Por volta de 2020, a indústria automobilística começará a ser desmobilizada porque as pessoas não necessitarão mais de carros próprios. Um aplicativo fará um veículo sem motorista busca-lo onde você estiver para leva-lo ao seu destino. Você não precisará estacionar, pagará apenas pela distância percorrida e poderá fazer outras tarefas durante o deslocamento. As cidades serão muito diferentes, com 90% menos carros, e os estacionamentos serão transformados em parques. O mercado imobiliário também será afetado, pois, se as pessoas puderem trabalhar enquanto se deslocam, será possível viver em bairros mais distantes, melhores e mais baratos. O número de acidentes será reduzido de 1/100 mil km para 1/10 milhões de km, salvando um milhão de vidas por ano, em todo o mundo. Com o prêmio 100 vezes menor, o negócio de seguro de carro será varrido do mercado.

Os fabricantes que insistirem na produção convencional de automóveis irão à falência, enquanto as empresas de tecnologia (Tesla, Apple, Google) estarão construindo computadores sobre rodas. Os carros elétricos vão dominar o mercado na próxima década. A eletricidade vai se tornar incrivelmente barata e limpa. O preço da energia solar vai cair tanto que as empresas de carvão começarão a abandonar o mercado ao longo dos próximos 10 anos. No ano passado, o mundo já instalou mais energia solar do que à base de combustíveis fósseis. Com energia elétrica a baixo custo, a dessalinização tornará possível a obtenção de água abundante e barata.                      

No contexto deste futuro imaginário, os veículos serão movidos por eletricidade e a energia elétrica será produzida a partir de fontes não fósseis. A demanda por petróleo e gás natural cairá dramaticamente e será direcionada para fertilizantes, fármacos e produtos petroquímicos. Os países do Golfo serão os únicos fornecedores de petróleo no mercado mundial. Neste cenário ameaçador, as empresas de O&G que não se verticalizarem simplesmente desaparecerão.

No Brasil, o modelo de negócio desenhado para a Petrobras caminha no sentido oposto. Abrindo mão das atividades que agregam valor ao petróleo e abandonando a produção de energia verde, a Petrobras que restar não terá a mínima chance de sobrevivência futura. A conferir.

(Publicado na revista Brasil e Energia Petróleo e Gás, edição de dez/2016)

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Getúlio e Lula: duas biografias

O primeiro nasceu rico,
o segundo pobre.

Getúlio morreu com o que herdou dos pais, pois sua vida foi dedicada à política.
Lula enriqueceu por caminhos que só a cúpula petista conhece,
e sua vida é dedicada à política.

Getúlio formou-se em advocacia e foi um bom promotor de justiça.
Lula formou-se na escola primária e foi um mau metalúrgico, tanto que perdeu o dedo.

Getúlio liderou uma revolução popular contra a corrupção e o empobrecimento do país.
Lula lidera uma revolução de canalhas proeminentes a favor da corrupção.

Getúlio, presidente e ditador, levava multidões de trabalhadores aos estádios para ouvi-lo.
Lula leva multidões de empregados do governo para ouvi-lo.

Getúlio continua sendo “o pai dos pobres”.
Lula é o padrasto dos pobres e o protetor de bandidos.

Getúlio criou a CLT para proteger os operários.
Lula acoberta o MST para proteger os desocupados.

Getúlio, amigo de alemães e americanos, usou a Segunda Guerra para trazer
dinheiro americano e iniciar o processo de industrialização do país, através da CSN.
Lula, amigo da Bolívia, Cuba, Uganda, Guiné Bissau e Nicarágua,
manda o dinheiro dos brasileiros, via BNDES, para industrializar estes países.

Getúlio criou a Petrobras.
Lula destruiu a Petrobras.

Getúlio era o homem do chimarrão.
Lula é o homem da cachaça.

Getúlio fazia promoção do Brasil levando a imagem de um estadista
sempre bem vestido e bem falante com uma esposa que se dedicava aos pobres do Brasil.
Lula tem a imagem do Jeca Tatu do Monteiro Lobato,
com uma esposa alheia aos interesses dos pobres.

Getúlio teve um caso de corrupção em seu governo,
chefiado por Gregório Fortunato, chefe de sua guarda pessoal.
Pelo cargo de Gregório já imaginam os leitores o valor do escândalo.
Getúlio matou-se de vergonha.

Lula teve vários casos de corrupção em seu governo. Muito ainda agora sendo apurado, como é o caso da Petrobras.
Ministros, parlamentares e amigos próximos dele ou cumprem pena por bandidos ou estão respondendo a processo.
Bilhões e bilhões de reais roubados dos brasileiros.

Até o momento em que concluo, não há notícias de que tenha (Lula) tentado o suicídio.

Ambos brasileiros. Getúlio um homem. Lula um molusco.




quarta-feira, 29 de abril de 2015

Embrulho ou Imbróglio, parte 2

Celso Russomanno acusa Haddad de promover troca de sacolinhas para beneficiar doador de campanha.





São Paulo - O deputado federal Celso Russomanno, líder da bancada do PRB, acusou o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), de promover a regulamentação de uso de sacolas plásticas em supermercados para beneficiar um doador de campanha.
No Programa da Tarde, que ele comanda na TV Record, Russomanno afirmou que as sacolas verdes e cinza, apesar de terem 49% de material vindo da cana-de-açúcar, são um "engodo" por levarem o mesmo tempo para se decomporem que as sacolinhas brancas.
Ele disse ainda que há vários fabricantes de sacolinhas, mas que a Braskem, fabricante da matéria-prima, foi doadora da campanha de Haddad em 2012.
"É um engodo que não tem tamanho e esse engodo, eu descobri o que está por trás", disse Russomanno ao apresentar sua teoria no programa. Russomanno é cotado para disputar a Prefeitura nas eleições de 2016, na qual teria em Haddad um dos principais adversários.
Na declaração de campanha de Haddad registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não consta nenhuma doação direta da Braskem. Há repasses do diretório nacional do partido, que pode ter recebido doações da empresa.
O partido e a empresa foram contatados pela reportagem para esclarecer se houve alguma doação em 2012. Os dados estão sendo levantados.
A assessoria do prefeito informou ter enviado uma nota ao programa de Russomanno nessa terça-feira, 28, que não foi lida no ar.
"Com relação às insinuações lançadas pelo candidato derrotado nas eleições municipais de 2012, Celso Russomanno, em seu programa de televisão na Rede Record, sobre o suposto lobby da Braskem na regulamentação da Lei de Proibição das Sacolas Plásticas, a Prefeitura solicita que denúncias formais, com provas, testemunhos ou indícios, sejam enviadas para a Controladoria Geral do Município (CGM). A prestação de contas do prefeito Fernando Haddad está disponível no site do TSE", diz a nota da Prefeitura.
A Braskem também informou ter enviado um posicionamento que não foi utilizado pelo programa. Segundo a companhia, a acusação não faz sentido pois a resina de plástico verde, matéria-prima das novas sacolas, representa menos de 2% do faturamento da companhia.

A Braskem disse ainda não ser a única fornecedora de resina verde no Brasil. A empresa diz ter 65% de fatia de mercado de resina plástica no País, material que é usado para outras finalidades além da produção de sacolas.



sexta-feira, 10 de abril de 2015

Embrulho ou imbróglio?








Criando um monopólio e jogando água fora com a lei das sacolas de São Paulo.




Plástico verde, este é o mais novo engodo que o sistema nos presenteia. E é um engodo da pior espécie porque está, pela primeira vez, fazendo um dos maiores greenwashing dos últimos tempos em nosso meio, no que se refere a resinas plásticas!

Greenwashing, uma expressão empregada pelos ecologistas no mundo inteiro para desmascarar estas jogadas de marketing que as grandes poluidoras mundiais têm procurado fazer com a boa vontade e a boa fé dos cidadãos planetários. Na verdade, essa é uma forma de se relacionar com um termo semelhante como o que se emprega no mundo do crime. A mídia criou a expressão “lavagem do dinheiro” quando denuncia o que os criminosos tentam fazer para “limpar” um dinheiro de sua origem ilícita. Aqui é a mesma coisa. A diferença é que o crime aqui se relaciona com a questão ambiental e a saúde pública. E nesse caso, toda essa construção deste plástico ser “verde” demonstra a mesma maracutaia.

Os próprios técnicos da Braskem afirmam que essa resina vai ser exatamente igual às outras e que ela não será biodegradável. Ou seja, não trará nenhum benefício “verde” no seu uso. Terá seu comportamento, quando no ambiente, igual às outras resinas.

Além de configurar favorecimento de um só fabricante nacional (Braskem) da resina derivada do etanol aceita na regulamentação da lei, não duvido que o próximo passo será a formação de um cartel com poucos fabricantes de sacolas tendo acesso ao insumo.

E, é claro, os supermercados vendendo as sacolas. Mais uma vez o consumidor paga a conta.

A quem interessa tudo isso Sr. Prefeito?

Quais os benefícios ambientais de uma sacola não degradável, descartável, mais espessa, maior e mais cara, se vai continuar a não ser do interesse da reciclagem, não será reciclada, e vai ser abandonada no meio ambiente?

Qual o benefício ambiental no uso de um insumo que consume no mínimo 20 vezes mais água como é o caso da resina derivada do Etanol da cana e que vai parar no lixo ou no meio ambiente da mesma forma que as sacolas atuais?

Não existe risco de colapso de energia por falta de água nos reservatórios?
As torneiras das casas não vão ficar sem água?

A população cinco dias sem água por semana não importa para a prefeitura que opta por algo que consume uma enormidade de água em sua produção?

E olha que isso vale tanto para o tal plástico igual só que agora vem do Etanol quanto para sacolas de papel.

Num passe de mágica a falta de reciclagem de todos os tipos de resíduos em São Paulo foi resolvida com uma sacolinha pintada de verde?

Quem está ganhando com isto?

"Antes de mais nada, o que deveria ser discutido é o uso racional da sacolinha. Alguns consumidores vão ao supermercado e pegam duas, três sacolas para levar apenas um produto para casa. A sacolinha não pode ser proibida de um dia para o outro, mas as pessoas precisam se conscientizar sobre o uso racional delas"
 

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Muda mais Dilma! (por Geraldo Samor, revista Veja)






Presidente Dilma,

Parabéns pela reeleição. Os métodos não foram kosher, mas metade do Brasil mostrou que não liga pra isso e outros 30 milhões nem se deram ao trabalho de votar. Então vamos deixar esse assunto para as colunas políticas e a consciência de cada um e falar aqui do que paga as contas no fim do mês: a economia.
Nos próximos dias, os gerentes das empresas vão se reunir com seus diretores para falar do orçamento para 2015. (Sei que a senhora se identifica com isso porque, pelo que leio, Vossa Excelência é vidrada numa planilha Excel, num orçamento, em metas.)
Ao final destas reuniões, os donos das empresas vão decidir o quanto investir no ano que vem, e quantas pessoas empregar para cumprir o seu plano de negócios.
Temo, Presidente, que a expectativa de um PIBinho no Brasil — não só no ano que vem mas durante o seu segundo mandato — fará com que muitos empresários reduzam suas ambições de crescimento, o que vai gerar demissões.
Essas demissões vão afetar, não apenas mas principalmente, muitos daqueles que te reelegeram olhando o aumento da renda pelo retrovisor e sem entender que, depois da próxima curva, a estrada não está pavimentada.
A senhora sabe que a Política não é autônoma em relação à Economia, por mais que o discurso esquerdista adolescente mantenha o contrário (um discurso que rende votos, mas nunca empregos).
A senhora sabe também que as expectativas dos agentes econômicos são a viga-mestra do crescimento. Quando os empresários acreditam, eles investem, e com isso geram os empregos que dão às pessoas cidadania e dignidade. É o tal do ‘espírito animal’ do capitalismo, hoje enjaulado, anestesiado, e sendo alimentado pelos gestores do zoológico com pacotes setoriais seletivos (junk food) em vez de uma ração sadia de contas fiscais em ordem, Banco Central vigilante e regulação estável.
Agora que acabou a eleição, a senhora já pode admitir (pelo menos cá entre nós) que o nosso baixo crescimento não é por causa da crise internacional. Aliás, bela jogada aquela, Presidente: botar a culpa no mundo, num “outro” que é ao mesmo tempo anônimo, intangível, inimputável. (Avise aos seus eleitores que esta última palavra nada tem a ver com “leviana”.)
Presidente, a senhora não nasceu ontem, não veio ao mundo a passeio, sabe que não existe almoço grátis e, mesmo não gostando, sabe o que tem que fazer.
Mude a política econômica, Presidente, e reenergize o Brasil que produz, que investe e que trabalha. Boa parte dessas pessoas ficou com a impressão de que a senhora representa exclusivamente o Brasil que mendiga um subsídio, que tem preguiça ou que precisa de compaixão. Mostre para eles que a senhora consegue ser a Presidente de todos os brasileiros. Das duas Bolsas.
Sei que a senhora gosta do Guimarães Rosa: “O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.” No ano que vem a economia vai esfriar, apertar e desinquietar, Presidente. Mas a sua coragem pode mudar a história.
Espero que o seu tão festejado ‘Coração Valente’ encontre dentro de si a coragem e a humildade para este mea culpa. Não será necessário ajoelhar no milho, nem bater no peito, nem dizer no microfone, “Errei.” As pessoas só querem ver a mudança — a tal mudança que foi, ironicamente, o mote da sua campanha.
Muda mais, Dilma! Escolha gente séria e capaz para a Fazenda, o Tesouro, o BNDES e o Banco Central — e deixe-os trabalhar. E já que não posso convencê-la a privatizá-las, profissionalize e blinde as estatais contra a infiltração tóxica dos de sempre. Parece impossível, eu sei, mas o seu partido registrou a marca “nunca-antes-na-história-deste-País.” Use-a para uma coisa boa.
Seja coerente com seu discurso de vitória e caminhe para o centro, porque a maior parte dos seus 54,5 milhões de votos não foi ideológica, e sim votos que agradeciam o bem-estar das famílias, a casinha própria, as compras do supermercado, a dignidade que o consumo trouxe.
A melhor forma de combater a inflação, manter os empregos e não perder essas conquistas é reconhecer que a macroeconomia está a perigo, a agenda de microrreformas está parada, e que é hora de mudar.
Mas muda rápido, Presidente. Porque os orçamentos estão aí — é questão de semanas — e o ano que vem não vai ter Copa, não vai ter eleição, mas, do jeito que o clima está, vai ter recessão. E aí não vai ser culpa do Aécio, nem da Marina, nem da crise internacional. Vai ser só a sua teimosia.
Muda mais, Dilma!
Respeitosamente,
GS
PS: Presidente, se esta carta vazar, não fui eu.  Foi o Thomas Traumann, testando a ideia com o mercado. Sei que muitos leitores vão achar uma ingenuidade acreditar em mudança, mas quem sabe a sua intuição e o instinto de sobrevivência do seu partido coloquem as coisas mais ou menos no rumo certo, se não por convicção, por necessidade política? De minha parte, escrevi apenas por desencargo de consciência.
Por Geraldo Samor